Thug Behram: Um dos maiores serial killers de todos os tempos fez parte de uma irmandade de assassinos

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

A Índia conviveu por cerca de 500 anos com a perigosa atuação dos Thuggees, grupos de assassinos e ladrões que fizeram um incontável número de vítimas durante o período. Estes criminosos costumavam andar armados com o katar, espécie de punhal comum na região indiana, mas praticavam o estrangulamento como marca característica de execução, pois no início da atuação desses bandos era um meio de assassinato considerado pela lei de menor gravidade se comparado a outras agressões que resultassem na morte com derramamento de sangue, porém, com o passar do tempo, o estrangulamento foi empregado como “marca” do modus operandi do grupo e como método cerimonial de execução, mas eles não tinham o menor receio de sangrar ou esquartejar as vítimas antes de se desfazer dos corpos. Os membros dos bandos de criminosos realizavam suas ações de maneira coordenada e muitas vezes se infiltrando nas caravanas de viajantes, identificando o momento mais propício para a consumação dos ataques.

Entre eles era comum a veneração declarada pela deusa Kali, importante divindade da destruição no hinduísmo. Deste modo era justificável que suas ações correspondessem ao cumprimento de um propósito divino, no entanto, não era rara a participação de muçulmanos. Havia algumas regras entre os Thuggees: eles não matavam pessoas da casta dos brâmanes por serem “sagrados”, não roubavam de uma pessoa que não matassem antes, doentes eram poupados e mulheres não eram assassinadas por respeito ao gênero de Kali.

Ao longo dos anos os Thuggees foram constituídos por diversos bandos e tiveram vários líderes, mas entre eles a figura de Thug Behram merece um destaque especial pelos extremos de fanatismo e violência. Também conhecido como Buhram Jamedar, o líder thuggee nasceu por volta de 1765 e aderiu de forma ativa ao mundo dos ataques sorrateiros com disfarce de culto quando tinha pouco mais de 20 anos, mas é possível que a convivência com os Thuggees ocorresse desde seu nascimento, uma vez que era comum que os integrantes fossem filhos de outros iniciados nesta irmandade de assassinos sorrateiros e passavam por um rigoroso treinamento antes de começar a carreira. Era comum que as crianças acompanhassem os bandos para constituir nelas o hábito e assimilação da experiência e também para disfarçar a natureza perigosa dos infiltrados.

Um traço importante na trajetória de Thug Behram era sua habilidade como assassino e seu gosto pelo ato de matar. Normalmente ele estrangulava suas presas com um tradicional faixa de cintura de cor amarela (ou bege) que os Thuggees carregavam. Como adicional mortífero em sua prática, um medalhão preso à faixa utilizada para o estrangulamento pressionava a garganta da vítima e garantia uma morte agoniante. Os números de vítimas de sua ação direta são incertos, pois há indícios de que ele tenha matado pessoalmente mais de 120 pessoas e também persistem especulações que multiplicam essa quantidade e chegam em mais de 930 assassinatos.

A atuação de Thug Behram coincidiu com o período de maior repressão aos Thuggees, quando os britânicos dominantes da Índia empreenderam uma verdadeira caçada aos grupos. Um dos métodos empregados pelos ingleses foi a delação feita pelos próprios membros dos grupos de criminosos em troca de imunidade, o que abalou uma base fundamental entre eles: a confiança. Uma vez que passaram a desconfiar uns dos outros, a coesão foi prejudicada e isso favoreceu a política de combate desempenhada pelos europeus. Neste contexto, Thug Behram, um alvo muito desejado pelos britânicos, acabou preso, julgado e condenado por múltiplos homicídios. Os relatos mais comuns afirmam que ele foi executado através de enforcamento em 1840, aos 75 anos de idade, mas há divergências que indicam que, apesar de sua confissão, Thug Behram foi libertado porque delatou diversos de seus companheiros.

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