Dom Calmet, o padre que desvendou os vampiros

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

Antoine Augustin Calmet nasceu no seio de uma família modesta em Ménil-la-Horgne, no nordeste da França, em 1672, e ainda na adolescência iniciou sua formação sacerdotal, que em seguida aprofundou estudando retórica e filosofia, tendo se tornado um sacerdote católico e professor teológico de destacada base intelectual com uma rica produção escrita sobre conhecimento bíblico e história, contudo chama ainda mais a atenção um dos focos de seus interesses: o universo das manifestações sobrenaturais. A respeito do tema ele produziu ao menos dois livros: “Dissertações sobre as Aparições de Anjos, de Demônios e de Espíritos, e sobre Revenants ou Vampiros da Hungria, da Boêmia, da Morávia e da Silésia” (1746) e da ampliação do estudo que resultou na obra em dois volumes “Tratado sobre as Aparições de Espíritos e sobre Vampiros ou Regressados ​​da Hungria, Moravia, et al.” (1752).

Dom Calmet dividiu os fenômenos de aparições e ocorrências sobrenaturais entre as divinas e as malignas e apresentou casos que fizeram parte de suas pesquisas, incluindo situações como possessões, bruxaria, vislumbres fantasmagóricos, retornos misteriosos de mortos (revenants), mortos-vivos, transmutações, vampiros e licantropos, entre outras manifestações desafiadoras da natureza e a fé.

Em sua antologia de registros sinistros ele buscou algumas explicações para certos casos enquanto deixou vagas as análises de outros, considerando que influências demoníacas ou mesmo doenças e até hábitos alimentares poderiam estar por trás da incidência dos episódios de anormalidade.

Um aspecto dos mais interessantes de sua obra envolve a “vampirologia”. A origem dos vampiros no imaginário coletivo remonta aos tempos antigos, relacionando-se com o medo da morte e da ressurreição dos mortos. O mito do vampiro está diretamente ligado à crença de que os mortos poderiam ter um tipo de existência própria mesmo depois da extinção da vida e que poderiam até mesmo retornar de suas sepulturas. O vampiro era visto como uma entidade maligna, perversa e com domínio sobre suas vítimas. Sobre os vampiros Calmet se baseou em relatos da época, o que conferiu credibilidade às suas análises. Em seu tempo se alastrava um pânico envolvendo supostos incidentes de vampirismo e Dom Calmet compilou histórias de várias partes da Europa e buscou dar uma explicação racional para o fenômeno, argumentando contra superstições e alucinações. O seu estudo sobre o tópico vampiresco é extremamente relevante porque ele foi um dos primeiros a abordar e definir o que seria um vampiro de maneira sistemática e minuciosa, elaborando com mais atenção as interpretações sobre as características malignas atribuídas a estas criaturas que assombravam as pessoas, o que influenciou várias representações subsequentes que inspiraram a literatura, já que seus escritos foram amplamente divulgados e popularizados, afetando as imaginativas mentes de escritores e criadores de histórias de vampiros nos séculos seguintes.

Antoine Augustin Calmet faleceu em 1757 aos 85 anos.

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