A mitologia asteca é marcada por ciclos de criação e destruição, onde o mundo é periodicamente aniquilado e recriado, simbolizando a impermanência e a renovação. Elementos fundamentais como sol, lua, chuva e fertilidade possuem seus respectivos deuses, refletindo a profunda conexão dos astecas com o mundo natural. Este panteão complexo e dinâmico não apenas moldava a visão de mundo dos astecas, mas também orientava suas práticas rituais, incluindo os notórios sacrifícios humanos, que eram vistos como vitais para manter o equilíbrio do universo e agradar os deuses.
Na cosmovisão asteca, a morte não era o fim, mas uma passagem para outra fase da existência em um universo cíclico e eterno. Os astecas acreditavam que o destino da alma após a morte era determinado não pela moralidade, mas pela maneira como alguém morria. Diversos reinos pós-vida existiam, cada um governado por diferentes deidades e acessado por mortes específicas. Por exemplo, guerreiros mortos em batalha, mulheres que morriam no parto e aqueles sacrificados aos deuses iam para o Omeyocan, o paraíso do sol, sob a tutela de Huitzilopochtli, o deus do sol e da guerra. As almas comuns, incluindo aquelas que morriam de causas naturais, iam para Mictlán, o sombrio submundo regido por Mictlantecuhtli. A jornada para Mictlán era longa e árdua, levando quatro anos e exigindo oferendas rituais dos vivos para ajudar os mortos em sua passagem. Essa concepção da morte permeava todos os aspectos da vida asteca, desde a arte e literatura até rituais e práticas sociais, ressaltando uma aceitação da mortalidade e um respeito profundo pelo ciclo da vida e da morte.
O deus Mictlantecuhtli é figura imponente, personificando senhor do submundo e da morte. Ele era frequentemente representado como uma figura esquelética, ressaltando o inevitável fim que todos os seres vivos enfrentam. Como senhor dos mortos, Mictlantecuhtli desempenhava um papel determinante na manutenção do equilíbrio entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Seu domínio era tanto temido quanto respeitado, e ele era muitas vezes invocado em rituais funerários e cerimônias que lidavam com a morte. Apesar de sua natureza sombria, Mictlantecuhtli não era apenas um símbolo de fim, mas também de renovação, pois acreditava-se que ele presidia sobre os ciclos de vida, morte e renascimento. Seu culto era essencial para a cultura e religião asteca, refletindo uma compreensão profunda e complexa da mortalidade e do pós-vida.
Mictlantecuhtl mantinha relações significativas com outras divindades, destacando-se em sua interação com Quetzalcóatl na lendária busca pelos ossos dos ancestrais. Neste mito, Quetzalcóatl, o deus criador, desce a Mictlán em uma missão para coletar os ossos necessários para a criação da humanidade atual. Mictlantecuhtli, inicialmente concordando em conceder os ossos, logo trama contra Quetzalcóatl, ressaltando sua natureza ambivalente e sua guardiã sobre a morte. Este episódio simboliza não só a tensão entre vida e morte, mas também a interdependência entre diferentes esferas do cosmos asteca.


[…] que afetavam famílias inteiras. Vinculadas à deusa Tlazolteotl e ao senhor do submundo, o deus Mictlantecuhtli, elas foram mulheres que morreram no parto e trazem consigo, assim como outras figuras lendárias […]
[…] uma transição entre o ambiente terreno e submundo chamado Mictlan, destino no além regido por Mictlantecuhtli ao lado de sua companheira Mictecacihuatl. A travessia não era simples, exigia desafios que […]