O mito grego é vasto e repleto de deidades, heróis e criaturas fantásticas, cada um desempenhando um papel único no universo mitológico.
Para os gregos, os destinos dos mortos poderiam variar entre três possibilidades: os Campos de Asfódelo, os Campos Elísios e o Tártaro. O primeiro era o paradeiro da maioria das almas, que pairavam sem ânimo e sem propósito. Elísio era uma região paradisíaca do submundo reservada para os heróis e para aqueles que levaram uma vida virtuosa e honrada que passariam uma eternidade feliz e, enfim, o Tártaro era de o ambiente do tormento e punição para aqueles que haviam cometido atos malévolos durante a vida. Seja qual fosse o paradeiro final, havia uma figura que consumava o momento final de cada um entre os vivos: Tânatos, o deus da morte.
Tânatos é um deus primordial, filho de Nix, a personificação da noite, e irmão gêmeo de Hipnos, o deus do sono. Juntos, Tânatos e Hipnos habitavam o submundo, governado por Hades, o deus dos mortos. Outras fontes mitológicas o descrevem como filho de Érebo (a escuridão) e Nix. O deus da morte tinha também várias irmãs, conhecidas como as Keres, deidades femininas associadas à morte violenta. Ele era associado ao ato de separar a alma do corpo, uma tarefa que compartilhava com as Keres.
Um dos mitos mais famosos associados a Tânatos é o de Sísifo, o astuto rei de Éfira que enganou a morte. Segundo a lenda, Sísifo já era considerado um indivíduo que desrespeitava os deuses e até Zeus estava irritado com ele, então determinou que Tânatos fosse ao encontro do monarca. Sísifo era tão esperto que conseguiu trapacear o emissário mortal de Senhor do Olimpo, pendendo o deus da morte com as correntes que deveriam ser utilizadas para imobilizá-lo no Tártaro. Enquanto Tânatos estava aprisionado, ninguém mais morria, causando grande preocupação entre os deuses e perturbando o fluxo natural da vida e morte. Com a interferência de Ares, o deus da guerra, Sísifo foi capturado e entregue a Tânatos para que pudesse enfim concluir sua missão. O astuto Sísifo tinha outro estratagema para fugir da morte, pois as providências fúnebres exigidas não foram propositalmente cumpridas, o que deixava o processo incompleto, assim Hades autorizou sua volta para resolver as pendências, acordo que o rei enganador não cumpriu e resolveu fugir. Depois de enganar o deus da morte e o senhor do submundo, Sísifo foi preso por Hermes e finalmente Zeus decidiu impor um castigo definitivo para o trapaceiro, fazendo ele empurrar uma rocha morro acima pela eternidade, uma tarefa que nunca poderia ser completada.
Embora os cultos ao deus da morte não gerassem apelos populares, ele era discretamente honrado nos ritos fúnebres e durante a prática do luto. Ele simbolizava a inevitabilidade da morte.
Sua aparência jovem e imponente poderia ser reconhecida como uma forma de representar a sua condição de imortal e também para sugerir que a morte não é um processo que está unicamente associado ao envelhecimento, podendo até ser reconhecido como uma forma de libertação.
Tânatos inspirou Sigmund Freud, que concebeu sua ideia de “pulsão de morte” (ou “Thanatos”) presente em sua teoria psicanalítica como uma força fundamental que opera em oposição à pulsão de vida (ou “Eros”). Segundo Freud, a pulsão de morte representa um impulso inconsciente das pessoas em direção à autodestruição, ao retorno ao estado inorgânico, e à dissolução de tensões. Essa ideia foi uma tentativa de explicar comportamentos autodestrutivos e agressivos observados em seres humanos. Além disso, o termo “tanatologia”, derivado de seu nome, se refere ao estudo científico da morte e dos processos associados a ela, incluindo o luto, os rituais funerários e a ética da morte e do morrer. A tanatologia é um campo interdisciplinar que envolve várias disciplinas, incluindo medicina, psicologia, sociologia, antropologia, entre outras, e busca compreender os aspectos sociais, emocionais, culturais e biológicos da morte.
Tânatos, como personificação da morte, assim como outras representações semelhantes em diferentes culturas, reflete a tentativa humana de compreender e lidar com a perda, o luto e o mistério do que acontece quando a vida se encerra, demonstrando o papel central da morte nas crenças religiosas e mitológicas da humanidade.


[…] realizar o processo que extinguia a existência até de deuses. Sua decisão ativava o trabalho de Tânatos, que aparecia no instante da morte para proporcionar o último suspiro e conduzir as almas para o […]