Aqualtune teria sido uma princesa na África, oriunda de uma tribo do Congo, embora essa origem não seja comprovada. Sua captura por negociantes de escravos portugueses ocorreu após resistir duramente, sendo derrotada em batalha, na qual liderou seus guerreiros antes de se ver prisioneira. Posteriormente, ela foi enviada para o Brasil, desembarcando em Recife como escrava.
Como muitas informações a seu respeito são imprecisas, há versões que afirmam que, ao chegar ao Brasil, ela já trazia consigo seu primeiro filho, Ganga Zumba, que mais tarde seria reconhecido como líder do Quilombo dos Palmares. Há ainda suposições de que o guerreiro nasceu depois que ela já se encontrava no Brasil, e também existem questionamentos que identificam que ambas as possibilidades seriam improváveis por questões cronológicas.
Especula-se que ela foi parar em Porto Calvo, atual Alagoas, como escrava “reprodutora”, sendo submetida a violações para engravidar e, assim, aumentar o patrimônio do senhor. Quando estava grávida pela segunda vez, participou de uma rebelião e conseguiu fugir com um grupo de companheiros de infortúnio, chegando enfim ao Quilombo dos Palmares.
No refúgio para escravos fugidos e outras vítimas da colonização, sua liderança foi logo aclamada em reconhecimento à sua experiência de combate e ao status de nobreza. Assim, Aqualtune passou a ter destaque na comunidade e assumiu o comando da defesa de Palmares, articulando estratégias para preservar o local como um foco de resistência difícil de ser vencido.
É dito que, no quilombo, ela teve mais dois filhos, incluindo Sabina, a quem se atribui a maternidade de Zumbi, o maior ícone da resistência quilombola no Brasil. Sua atuação por lá passou a ser conhecida por parte dos inimigos do quilombo, cuja base era Macaco, uma das comunidades que integravam Palmares. Como uma das organizadoras e “rainha” do quilombo, ela era vista como uma ameaça.
Assim como suas origens, sua morte também é marcada por informações imprecisas. Não se sabe exatamente quando ela morreu ou em quais circunstâncias. Ela pode ter sido aprisionada numa investida contra a comunidade de Macaco ou, como sugere outra possibilidade, Aqualtune viveu e resistiu por muitos anos ainda.


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