A alquimia era uma prática antiga cujas origens são difíceis de determinar e envolta em mistérios, combinação entre ciência, misticismo, filosofia e espiritualidade. Transformar metais comuns em ouro, buscar a composição do Elixir da Vida para obter a imortalidade ou identificar a Pedra Filosofal eram alguns dos propósitos atribuídos a quem praticava as artes da alquimia. Cotidianamente alquimistas desenvolviam experimentos químicos, elaboravam e aprimoravam técnicas e métodos de pesquisa, estudavam e produziam textos com fundamentos e registros de suas observações e praticavam rituais místicos. Muitos conhecimentos estavam associados ao que os alquimistas faziam e representavam.
A misteriosa Maria, a Judia, é reconhecida como a primeira mulher alquimista. Embora não se saiba com exatidão quando ela viveu (em algum momento entre os séculos I a III da Era Cristã), atribui-se que ela era de Alexandria, no Egito. Sua identidade também é envolta em suposições, pois antigos alquimistas costumavam usar nomes que escolhiam para o exercício de suas atividades, sendo nomes históricos e bíblicos considerados especialmente interessantes. A nebulosidade em torno de sua identidade é reforçada pelo fato de ser referida também como Maria, a Profetisa ou ainda Miriam, a Profetisa e Maria, a Copta.
Seu trabalho era engenhoso, pois Maria desenvolveu seus próprios métodos, processos e aparatos para realizar seus experimentos. Criações suas são peças fundamentais em laboratórios e são utilizados por químicos até os dias atuais a exemplo do dibikos e do tribikos, instrumentos utilizados para a realização do processo de destilação. Ela também criou o procedimento de aquecimento gradual popularmente conhecido como “banho maria”.
No século IV o proeminente Zózimo, o Panapolitano, foi um dos primeiros expoentes da alquimia a reconhecer o trabalho de Maria. Ele destacou realizações dela no campo experimental e a qualificou como uma grande sábia. Outros destacados alquimistas fizeram o mesmo, apontando contribuições que Maria realizou para os conhecimentos abordados pelas artes alquímicas. Sua obra sobreviveu através das citações de outros alquimistas e em compilações em árabe, embora pouquíssimo seja conhecido a respeito de sua vida.
Maria se tornou conhecida na história como possivelmente a primeira química e uma figura importante na alquimia medieval.


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