Berserkers: Os indomáveis e alucinados guerreiros vikings

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

Entre os mais sanguinários grupos de guerreiros que já existiram, há um lugar de destaque para os temidos e alucinados berserkers. Estes combatentes nórdicos, adoradores de Odin, eram radicais na execução dos atos de combate, consolidando uma reputação de praticantes de violência extrema e selvagem. Muitas vezes, dispensavam estratégia e planejamento em seus ataques nos campos de batalha, pois nenhuma disciplina militar convencional seria capaz de lidar com eles na hora da ação.

O termo nórdico “berserkr” pode ser traduzido livremente como “pele de urso”, e essas feras da guerra podiam se organizar como mercenários ou também como força de proteção de grandes líderes vikings. Harald I, que reinou na Noruega entre os anos 872 e 930, contava com berserkers como guarda de proteção pessoal, e outros chefes vikings os utilizavam para o mesmo tipo de serviço.

O impacto da presença dos grupos de berserkers nos combates já causava perturbação nos oponentes pela forma como eles entravam na luta. Eram propositalmente ruidosos e extravagantes. Os guerreiros furiosos dispensavam o uso de armaduras ou couraças de proteção, sendo frequentemente vistos cobertos por peles de urso, javali ou de lobo (os chamados “Jöfurr” eram os “guerreiros javali” e os “úlfheðinn” eram os “guerreiros lobo”), gritavam, uivavam e rugiam feito grandes predadores carnívoros. A representação animalesca associada aos guerreiros berserkers acabou inspirando histórias populares que diziam que estes vikings eram metamorfos, capazes de realmente assumir a forma de ursos ou lobos, podendo estar aqui as origens das lendas sobre os lobisomens. Também ajudavam a reforçar esse imaginário as variadas sagas vikings que apresentavam histórias envolvendo guerreiros que se transformavam em feras.

Outro aspecto associado aos berserkers diz respeito ao estado mental dos guerreiros quando travavam suas lutas. Quando já não existiam mais, começou-se a difundir a ideia de que o uso de substâncias alucinógenas derivadas do cogumelo Amanita muscaria era uma prática comum entre eles. Essas substâncias faziam com que guerreassem sob um efeito entorpecente, proporcionando um comportamento frenético e anormal, favorecendo a força física, a incapacidade de sentir dor quando feridos e amplificando os instintos agressivos. Outras teses e suposições a este respeito acrescentaram hipóteses de mais fontes entorpecentes consumidas pelos guerreiros. Contudo, eventuais ou recorrentes efeitos colaterais vinculados às diversas substâncias mencionadas colocam sob suspeita a noção do uso de alucinógenos.

Então, é possível que os berserkers fossem realmente dominados por um nível de ânimo e envolvimento capaz de mobilizar uma conduta diferenciada pelo estado de sugestão psicológica. Essa condição também tinha seu efeito reverso sobre os adversários, que eram afetados pelo medo através desse mesmo mecanismo de sugestão.

Apesar da reputação de brutalidade, que exercia um papel efetivo e psicológico contra os adversários, os berserkers foram perdendo espaço entre as fileiras de combatentes. A cristianização dos nórdicos foi um fator importante, visto que a crença em Odin e na entrada no Valhalla, aspectos cruciais para os berserkers, foram declinando. Além disso, a atuação deles chegou a ser proibida no século XI. Mesmo nos escritos nórdicos, o tratamento passou a destacar um aspecto negativo a respeito desses guerreiros. Um berserker era visto como indivíduo problemático, propenso a instabilidades e conflitos, reforçando um estigma social que não atraía novos adeptos.

2 comentários

  1. […] Os berserkers eram os guerreiros mais ferozes e indomáveis da cultura viking. Conhecidos por sua violência extrema e comportamento selvagem, eles lutavam em um estado de fúria que, segundo histórias, era induzido por substâncias alucinógenas. Desprotegidos por armaduras e cobertos apenas por peles de animais, como ursos e lobos, esses combatentes se tornaram lendas, inspirando até mitos de metamorfos e lobisomens. Explore a trajetória desses guerreiros temidos que aterrorizavam seus inimigos nos campos de batalh… […]

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