Átila: O Flagelo de Deus

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

O chefe guerreiro que, no século V, os romanos chamaram de “Flagellum Dei” (“Flagelo de Deus”) comandou uma vasta região na Eurásia enquanto Roma estava em franca decadência. Seu povo, os Hunos, levava uma vida nômade até constituírem um império sob sua liderança. Seu nome original pode não ter sido Átila, que significa “Paizinho”, e que talvez fosse utilizado por seu povo como demonstração do amor que tinham pelo líder; mas para os povos que estavam em seu caminho, o nome não tinha nenhum significado carinhoso, pois representava terror.

Átila era membro de uma nobreza privilegiada entre os hunos e, com seu irmão Bleda, recebeu a preparação necessária para comandar os Hunos, posição que já fora exercida pelos tios Rugila e Octar, que compartilharam a liderança do povo. Átila e Bleda chegaram até a receber instrução em latim, além de conhecimentos diplomáticos e militares. Os Hunos já estavam em ascensão antes de Átila, pois desde o século IV chegaram a estabelecer domínio sobre terras na Europa, áreas tomadas dos alanos e de tribos germânicas. Quando Átila e Bleda assumiram o comando dos Hunos, estabeleceram uma aliança com o Império Romano do Ocidente e firmaram tratados com o Império Romano do Oriente. Enquanto os hunos lutaram como força auxiliar ao lado dos romanos ocidentais em batalhas, Constantinopla, para evitar ataques, comprometeu suas finanças mediante o pagamento de grandes somas em ouro, mas nem isso proporcionou segurança diante das pressões de Átila e Bleda.

Os hunos criaram uma reputação de guerreiros impiedosos e sanguinários que atuavam como uma massacrante força montada que desafiava qualquer estratégia defensiva. Além disso, eram tidos como saqueadores gananciosos. Não era sem razão que muitos povos abandonaram suas regiões em fuga.

Com a morte de Bleda, em 445, Átila assumiu o poder sozinho – suspeita-se que ele foi o responsável pela eliminação do co-regente. A partir desse momento, a paz com os romanos do Ocidente também acabou. Ele já havia tomado territórios da Roma Oriental, apesar do insucesso nas tentativas de invasão da inexpugnável Constantinopla, então se voltou para a outra porção romana e atacou a Gália. Depois do êxito desta operação, os hunos seguiram avançando sobre território romano. O império precisou negociar uma aliança com os inimigos visigodos para enfrentar as forças de Átila, conseguindo impor uma derrota aos hunos.

Átila não desistiu. Ele pretendia realizar seu casamento com Honória, irmã exilada do imperador romano Valentiniano, e usou a união como justificativa para reivindicar a metade do império, o que proporcionaria riquezas para distribuir entre seus combatentes. Teceu alianças com tribos bárbaras e preparou mais uma investida contra Roma com o objetivo de chegar até a Itália, feito que conseguiu em 452. A Itália já estava arrasada desde antes e até os hunos sentiram isso, pois foram abatidos por fome e doenças enquanto estavam no território italiano. Depois de um acordo, ele retirou-se de lá em direção à Germânia sem ter sequer chegado até a cidade de Roma.

Após sair de Roma, em 453, casou-se com uma princesa germânica chamada Ildico e depois de uma festa cheia de excessos, morreu misteriosamente na noite de núpcias. O incidente, que pode ter sido consequência do estilo de vida de Átila, também teve suas versões especulativas sobre o habitual envenenamento por ação ou ordem dos inimigos, entre eles Marciano, imperador de Constantinopla.

Os herdeiros de Átila brigaram entre si ao longo dos anos até a decadência dos hunos.

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