Expedições Paralelas: Pinzón, o espanhol que chegou ao Brasil antes de Cabral

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

O pioneirismo europeu no contato com as terras brasileiras é disputado, e o consagrado posto de “descobridor” do Brasil atribuído ao navegador português Pedro Álvares Cabral é contestado. A razão disso é a chegada do capitão espanhol Vicente Yáñez Pinzón à costa do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, em 26 de janeiro de 1500.

Nascido na cidade de Palos de la Frontera, em uma data exata não registrada, possivelmente no ano de 1462, cresceu cercado pelas artes da navegação em uma família ligada à atividade marítima. Seus irmãos mais velhos, Martín Alonso Pinzón e Francisco Martín Pinzón, já eram experimentados navegadores quando o jovem Vicente foi iniciado em viagens comandadas por Martín Alonso. Porém, havia a presumível condição de pirata, visto que seu nome foi citado relacionado a essa atuação em 1477.

Com o passar do tempo, aprimorou sua vivência nos mares e tornou-se um navegador reconhecido, disposto a encarar expedições desafiadoras. Foi exatamente isso o que significou sua viagem mais famosa e importante: a que resultou no “descobrimento” da América, em 1492.

As três embarcações da expedição eram a nau Santa Maria, comandada pelo italiano Cristóvão Colombo, e as caravelas Pinta, sob a condução de seu irmão Martín Alonso, e Niña, conduzida por Vicente. Os irmãos Pinzón não apenas se encarregaram do comando de navios durante a viagem, mas também atuaram nos preparativos para viabilizar a missão que se lançou em uma ousada iniciativa de contornar a esfera terrestre para atingir as Índias sem percorrer a costa da África. A expedição enfrentou diversos problemas, e diante deles Vicente revelou-se não apenas um exímio marinheiro, mas também um líder habilidoso e conciliador, capaz de lidar com as tensões e tentativas de motim durante a missão que acabou aportando no Novo Mundo em 12 de outubro de 1492. Na viagem de volta, cedeu o comando da caravela para o próprio Colombo, pois o resgatou depois que a nau Santa Maria encalhou.

Vicente Pinzón comandou sua própria expedição para o Novo Mundo depois que Colombo perdeu os direitos de exclusividade. Ele então reuniu quatro embarcações, convocou alguns marujos com experiência na travessia oceânica e partiu da Espanha em dezembro de 1499 com o objetivo de explorar a costa desconhecida. Chegou ao local que chamou de Santa María de la Consolación, na costa brasileira. Partindo da futura capitania de Pernambuco, passou pelo litoral cearense, verificou que os indígenas não estavam dispostos a contatos amistosos e seguiu para o norte, sendo o primeiro navegador a atingir a foz do Rio Amazonas, que chamou de Mar Dulce. Após a viagem pelas costas do nordeste e norte do Brasil, seguiu até áreas oficialmente sob domínio espanhol, conforme as definições do Tratado de Tordesilhas, de 1494.

O rei espanhol Fernando reconheceu o feito de Pinzón em 1501 e, desconsiderando o Tratado de Tordesilhas, chegou a conceder ao navegador o comando das terras desde Santa María de la Consolación até a foz do Rio Orinoco, na costa da atual Venezuela. Contudo, o navegador perdeu os direitos às terras porque não tinha meios para colonizá-las. Em 1508, ele voltou ao Novo Mundo em viagens pela América Central com tripulantes que já tinham viajado com o Colombo. Nesta jornada, chegou até mesmo a estabelecer contato com os astecas na Península do Yucatán, mas a missão não teve sucesso em descobrir uma passagem para as terras das especiarias.

Pinzón continuou prestigiado pela coroa com cargos, mas seu paradeiro após 1510 é desconhecido por falta de registros. Há quem presuma que ele pode ter morrido no mar, mas também é possível que tenha falecido em terra firme, repleto de histórias incríveis para contar.

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