As heteras eram as cortesãs gregas, acompanhantes altamente refinadas que deleitavam os homens da elite, mas elas não se limitavam a realizar serviços sexuais, pois eram mulheres letradas e profundamente instruídas, condição que as diferenciava das prostitutas comuns (pornê). Entre os gregos a prostituição não era uma atuação ilegal, porém era proibida para uma mulher livre, portanto, as heteras desfrutavam de um status social inferiorizado mesmo considerando a proximidade e as relações íntimas e afetuosas que tinham com os homens mais poderosos que poderiam ser mais do que seus clientes, assumindo também papéis de benfeitores e protetores. Com isso, elas também não poderiam constituir casamentos reconhecidos e seus filhos eram ilegítimos.

Várias heteras ganharam fama e viveram luxuosamente.

Entre as mais conhecidas estava Laís de Hícara. Sua mãe foi a bela Timandra, que também era hetera, então o destino da filha ainda mais bonita que a mãe parecia definido. O sofista Alcifron dizia a respeito dos encantos de Laís que “quando estava vestida seu rosto era encantador e quando se despia, seu corpo era tão encantador quanto seu rosto”. A beleza ressaltada por inúmeros testemunhos rendeu uma enorme fama para a moça, que atraiu o respeitado Demóstenes, que lhe ofereceu a enorme soma de 1 mil dracmas por uma noite com ela, mas a ardilosa Laís aceitou deitar-se com ele de graça, sabendo que a repercussão aumentaria o seu preço, que ela elevou para 10 mil dracmas depois disso. Os relacionamentos negociais com homens poderosos não foram todo para Laís. Ela se apaixonou por um certo Hippolochus ou Hippostratus e foi embora com ele para a Tessália. O casal não conseguiu encontrar a felicidade juntos, pois a presença de Laís atraía os olhares dos demais homens e a fúria de suas mulheres, então, em 340 a.C., algumas delas resolveram atrair Laís para o templo de Afrodite e lá apedrejaram a linda rival até a morte por ciúmes e inveja. Os homens depois resolveram erguer um mausoléu em sua honra.