Além das lâmpadas mágicas: Os Gênios nas culturas árabes

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Figuras lendárias da Arábia pré-islâmica, os jinns ou gênios não eram originalmente descritos como os personagens brincalhões e divertidos dos desenhos animados. Conforme a crença nos gênios, eles eram seres que habitavam um plano invisível e paralelo à existência humana, mas que tinham a capacidade de transcender entre os dois planos. Eram geralmente invisíveis aos olhos humanos, mas em suas raras suas manifestações sensíveis pela visão eles podiam variar bastante, pois eram capazes de mudar de aparência, assumindo forma humana ou surgindo como serpentes, escorpiões, cães ou gatos pretos, orangotangos e outras criaturas. Os antigos árabes acreditavam que os gênios foram habitantes da Terra em tempos imemoriais e que tinham capacidade de interferir sobre as vidas das pessoas para o bem ou para o mal, sendo predominantemente entidades hostis e atemorizantes.

Estes seres misteriosos tinham também a capacidade da possessão, o que requeria práticas de exorcismo para livrar a pessoa de sua presença perturbadora. Era até costume concluir que determinados distúrbios mentais e ocorrências de convulsões se deviam diretamente aos gênios que afetavam as pessoas que padeciam de tais condições. Eles também eram reconhecidos como causadores de acidentes, de má sorte, de problemas conjugais e desagregação família, influem sobre a desonestidade no comércio e de vários outros aspectos e situações desagradáveis, mas as pessoas dotadas de certos dons especiais e figuras religiosas eram capazes de identificar as ações praticadas por estes seres invisíveis e prescrever providências para neutralizar seus poderes.

A tipologia dos jinns era variável, incluindo também figuras masculinas e femininas entre gênios de natureza maligna equivalentes a demônios e de caráter benevolente – apesar de inferiores aos anjos. Gênios poderiam acompanhar invisivelmente uma pessoa durante toda sua vida seja para proteger ou para perturbar e em determinadas situações eles se faziam visíveis, gerando relatos de aparições assemelhadas aos casos de visualizações de fantasmas.

O Islão não renegou a existência dos gênios e eles são até citados do Alcorão, sendo também sujeitos à salvação ou a danação final, pois estão sob o domínio divino de Alá. Para muitos islâmicos estas formas de existência continuam se manifestando e proporcionando uma série de consequências, inclusive em suas aparições e possessões que exigem orações para proteção. Os jinns não estão presos por feitiço em lâmpadas mágicas a espera de um libertador que terá concedido três pedidos extravagantes. Para quem acredita em tais seres, eles podem estar à espreita em qualquer lugar sem que sejam sequer notados.

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