Khutulun, cujo nome se traduz como “Luz do Luar”, nasceu por volta de 1260 e era a indomável filha de Kaidu, primo de Kublai Khan, e tataraneta de Genghis Khan. Khutulun era uma figura notável na época devido à sua força física, habilidades de tiro com arco, destreza em equitação e competência bélica, características que a tornaram a parceira ideal de seu pai em numerosas campanhas militares.

Kaidu, que governava o Khanato de Chagatai na região que hoje compreende Xinjiang e a Ásia Central, tinha grande orgulho de sua única filha. Juntos, pai e filha travaram batalhas contra os exércitos da Dinastia Yuan, mantendo seu domínio sobre o oeste da Mongólia e da China. Além de acompanhá-lo em combates, Khutulun também era uma conselheira estratégica e política essencial para Kaidu.

Famosa por sua proeza atlética, Khutulun estipulou uma regra inusitada para os pretendentes ao seu casamento: eles deveriam vencê-la em um combate de luta livre. Aqueles que não conseguiam derrotá-la acabavam lhe cedendo seus cavalos, o que a permitiu conseguir um rebanho de 10.000 cavalos, uma quantia impressionante equivalente à dos imperadores da época.

Apesar de sua condição para aceitar um pretendente, a princesa não ficou sempre solteira, mas a história do casamento de Khutulun é marcada por diferentes versões. Alguns relatos dizem que ela escolheu se casar com um homem sem lutar contra ele primeiro para evitar rumores de um caso incestuoso com seu pai. Outros registram que ela se apaixonou e se casou com Ghazan, um governante mongol na Pérsia. Há ainda registros de que ela se casou com um prisioneiro que tentou, sem sucesso, assassinar seu pai. Independentemente de quem tenha sido seu esposo, Khutulun permaneceu invicta em combate e seu domínio atlético nunca foi contestado.

A preferência de Kaidu por Khutulun era tão grande que ele chegou a considerar torná-la sua sucessora direta. No entanto, diante da forte oposição de seus catorze irmãos, Kaidu nomeou seu irmão Orus como o próximo governante. Khutulun, por sua vez, aceitou a decisão e ofereceu apoio político a Orus em troca de uma posição como comandante das forças armadas. A aliança entre ambos perdurou até a morte de Khutulun, em 1306, por causas desconhecidas.

Muito do que se sabe sobre Khutulun vem de relatos históricos de Marco Polo e do historiador persa Rashid al-Din, tornando alguns detalhes de sua vida nebulosos. Apesar disso, ela permanece na memória histórica como uma guerreira destemida e uma atleta extraordinária.