Luís XVI e a luta perdida contra a revolução

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

O rei Luís XVI era representante da linhagem dos Bourbon, uma das mais proeminentes dinastias da Europa, nascido em 23 de agosto de 1754, em Versalhes. Ele se casou Maria Antonieta em 1770 e herdou o trono de seu avô, Luís XV, aos 19 anos de idade.

Sua condução do governo foi marcada pela indecisão e pela fragilidade de sua autoridade, que foi definitivamente arrasada pela Revolução Francesa. Durante o início de seu reinado, o jovem rei buscou proporcionar um alívio nas tumultuadas questões religiosas, diminuindo as restrições impostas aos não católicos, mas, diferentemente de seu trisavô Luís XIV, o Rei Sol, suas determinações não eram aceitas sem questionamentos e mesmo entre a nobreza suas decisões eram objeto de contestações e rejeição. Buscando modernizar as perspectivas administrativas e a economia do reino, tratou de contar com influências renovadas, como no caso do ministro Jacques Turgot, um reconhecido economista e precursor do liberalismo econômico. Entre as medidas adotadas pelo governo estava a desregulamentação do mercado agrícola em pleno momento de dificuldades com as safras após um inverno que prejudicou as plantações, resultando no aumento do preço do pão e escassez de alimentos, situação que acirrou as críticas da população.

O rei decidiu apoiar a independência das colônias britânicas da América, ajudando militar e financeiramente o movimento rebelde no estrangeiro, implicando em custos para o Estado e necessidade de aumento de impostos para arrecadar fundos públicos. As decisões econômicas fracassadas eram agravadas pela impopular situação da corte, que consumia grandes somas de recursos enquanto a população amargava as consequências da crise. Para tentar solucionar o problema, eram propostas reforças que também desagradavam os nobres e outros privilegiados, como o alto clero católico. Enquanto a insatisfação crescia em todas as camadas sociais, Luís XVI demonstrava sua incapacidade de lidar com as pressões e de liderar as ações como governante, resultando na Convocação dos Estados Gerais, uma grande assembleia com representantes da sociedade, com o objetivo de solucionar a crise, mas o clima de insatisfação era tamanho que a solução encontrada foi rever o próprio papel do rei, que perdeu o controle da situação.

A revolução foi deflagrada e em meio à turbulência, diante da falta de condições de lidar com as adversidades e pressões crescentes, o rei foi forçado a aceitar uma constituição que reduziu seus poderes, mas entre muitos dos revolucionários sequer isso era o bastante, pois queriam mesmo abolir a monarquia. O enfraquecido e subestimado Luís XVI tentou o apoio externo para retomar seu poder, seguindo um plano de fugir para articular uma reação no exterior, mas acabou sendo detido durante a fuga, episódio que significou um novo reforço para aqueles que desejavam proclamar uma república. Para esquentar ainda mais os ânimos, a Áustria, país natal da rainha Maria Antonieta, declarou guerra à França, episódio que foi considerado como produto da conspiração real, motivando a Assembleia Legislativa a proclamar a república em 10 de agosto de 1792. O rei e sua família agora eram prisioneiros. O monarca destituído foi julgado por traição e condenado à morte, executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793, aos 38 anos de idade. 

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