Ṭāriq ibn Ziyād, o ex-escravo muçulmano que conquistou a Península Ibérica

(Representação visual gerada pelas IAs DALL-E e Leonardo)

O conquistador Ṭāriq ibn Ziyād que provavelmente tinha origens berberes, do norte da África, territórios do califado Omíada. Por volta do fim do século VI e início do século VII, a região na qual viveu era uma área estratégica do califado, sendo ponto para origem e chegada de caravanas comerciais e expedições militares, onde se cruzavam grupos berberes, árabes e mediterrânicos. É também provável que tenha sido um mawla, escravo que obteve a liberdade e foi integrado à sociedade servindo em funções públicas.

Ṭāriq ibn Ziyād ingressou na carreira militar, servindo com destaque em campanhas na região, obtendo experiência a reputação proporcionaram a posição de comando em uma missão relevante destinada a cruzar o estreito de Gilbraltar, nomeado em sua homenagem, pois deriva de “Jabal Tariq” (“Montanha de Tariq”). Em 711 ele comandou uma tropa de milhares de soldados com o propósito de conquistar a Hispânia, enfrentando as forças visigodas que dominavam a região até a derrota na Batalha de Guadalete. Ziyād e seu exército berbere seguiram avançando e cidades espanholas foram caindo sob seu comando, exemplo de Toledo, Córdoba e Granada. As conquistas iniciaram o desenvolvimento de Al-Andalus, domínio muçulmano na Península Ibérica.

O conquistador berbere tratou de consolidar o controle das áreas conquistadas, firmando a administração, fortificou as defesas e iniciou a promoção das leis e islâmicas nas terras conquistadas, mas sem a imposição da religião maometana. Como sua atribuição era militar, quando estabelecido o domínio, a administração foi passada para outros agentes muçulmanos. Ṭāriq ibn Ziyād voltou para África quando Musa ibn Nusayr assumiu o governo de Al-Andalus. O comandante conquistador morreu por volta de 720.

Desde a conquista por Ṭāriq ibn Ziyād, a presença dominante dos muçulmanos em regiões da Espanha perdurou até 1492, com a efetivação da Guerra da Reconquista. A presença dos islâmicos, que também foram chamados na Península Ibérica de “mouros” também se estendeu a terras portuguesas, sobre o Gharb Al-Andalus (o oeste de Al-Andalus), região que incluía Lisboa, Porto e Coimbra, mas a presença em Portugal durou até a conclusão da reconquista, em 1249.

O feito liderado por Ṭāriq ibn Ziyād teve efeitos duradouros., pois a longa presença ibérica dos mouros deixou marcas na organização social, nas expressões das artes e conhecimentos, marcando a Espanha e Portugal e indiretamente atingindo seus posteriores domínios coloniais.

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