Afrodite/Vênus: A deusa greco-romana da beleza e do amor

(Representação visual gerada pelas IAs MAge e Leonardo)

Afrodite é uma das figuras mais importantes da mitologia greco-romana (sendo conhecida como Vênus em Roma), sendo associada comumente à beleza, ao amor e à sensualidade.

Em suas origens, ela emergiu das águas a partir das espumas marítimas (“aphros”) constituídas desde o momento em que Cronos mutilou seu pai Urano – daí seu nome, que pode ser interpretado como “nascida da espuma”. Esta origem conectada aos elementos primordiais da natureza não é a sua única, pois também era contado que ela era filha de Zeus e da deusa oracular Dione. 

Sua beleza incomparável gerava atração e desejo que encantava deuses e homens, mobilizando diversos mitos que narravam o poder de sua atração e a noção de que a beleza, seja em forma física ou espiritual, é uma força poderosa e incontornável no universo. Em sua representação estava presente um conjunto de símbolos significativos. Entre estes, a pomba destaca-se como um emblema de amor e gentileza, frequentemente representada ao seu lado ou em suas imagens. A rosa, outra associação comum, simboliza a beleza eterna e o desejo, capturando a essência da paixão e do romantismo que Afrodite personifica. O espelho, muitas vezes em suas mãos, não é apenas um reflexo de sua vaidade e beleza, mas também um simbolismo da reflexão sobre o amor e a autoconsciência. A concha, especialmente a concha marinha, remete à sua origem nascida do mar, representando a feminilidade e a nascença. Além deles, outro item importante em sua apresentação era a maçã dourada, que simbolizava a discórdia e a beleza suprema, uma vez que foi oferecida a ela como a mais bela entre as deusas Hera e Atena no mito Julgamento de Paris, episódio que precedeu a Guerra de Tróia.

Causadora de ciúmes, ela teria se envolvido com o belo mortal Adônis, romance que desagradou seu amante Ares, o deus da guerra, que matou seu rival. Não aceitando o desfecho, Afrodite transformou Adônis na flor anêmona, de existência fugaz e marcante, simbolizando que a beleza mortal é passageira e que nem humanos nem deuses estão livres das perdas e das paixões.

A deusa da beleza consumou um casamento divino com Hefesto, o deus da forja, que era marcado por sua aparência que destoava da beleza marcante entre seus pares. Esta união, embora desigual em termos de atributos físicos e interesses, destaca o contraste entre a beleza exterior e o valor interior, uma tentativa de equilibrar as tensões entre os deuses, já que a beleza de Afrodite causava perturbações no Olimpo. Hefesto, que vivia fora do ambiente celestial do Olimpo, era um deus pacífico e trabalhador que forjou itens e armas mágicas dos deuses com sua habilidade transformadora. Afrodite era frequentemente infiel e seu insistente amante Ares era um dos agentes dos transtornos conjugais de seu casamento com Hefesto, que reagia ao seu modo e chegou a prender os amantes em uma rede que criou para então denunciar o ato diante dos demais deuses como testemunhas.

O culto à Afrodite evocava apelos sensuais e eróticos e durante os festivais em sua honra eram consumidos os afrodisíacos, compostos estimulantes que despertavam os impulsos sexuais das pessoas que consumiam. A deusa era invocada pelos mortais diante dos pedidos associados ao amor, além de apelos voltados para a fertilidade e procriação.

Afrodite, desde a antiguidade até a cultura contemporânea, tem sido uma fonte de inspiração constante nas artes, literatura e até na psicologia, simbolizando diversos aspectos do amor, da beleza e da feminilidade. A perfeição física de suas formas foi a inspiração de célebres escultores. Obras como a “Vênus de Milo” e a “Afrodite de Cnido” de Praxíteles destacam-se por sua forma idealizada, capturando a deusa em poses que enfatizam sua graça e beleza física. Nessas peças, ela é frequentemente retratada nua ou parcialmente vestida, um símbolo de beleza divina. Afrodite/Vênus também inspirou artistas durante a posteridade. Artistas como Botticelli, em “O Nascimento de Vênus”, e Ticiano, em “Vênus de Urbino”, retrataram-na de maneira idealizada, mas também como uma figura acessível e terrena. Sua figura bela e encantadora rendeu diversas representações ao longo dos tempos, inspirando também poetas e escritores que abordaram o amor, a paixão e a beleza. Na psicologia moderna, especialmente na obra de Carl Jung, Afrodite representa um arquétipo do feminino, associado à criatividade e à expressão emocional.

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