Bartira e a invisibilidade das mulheres indígenas na colonização brasileira

(Representação visual gerada pela IA Mage)

Bartira ou M’bicy (“Flor de Árvore”) era filha do cacique tupiniquim Tibiriçá, chefe indígena aliado dos portugueses que se estabeleceram na Capitania de São Vicente. O pai de Bartira percebeu as vantagens de ser amigo dos estrangeiros que chegaram nas terras dos índios. Ele ajudou os exploradores a conhecer a região, cooperou para que os jesuítas realizassem seu trabalho de conversão dos nativos e casou suas filhas com portugueses, entre elas Bartira.

A moça casou-se com João Ramalho, um explorador que já estava bastante ambientado por ali. Ramalho, criticado pelos jesuítas, já vivia praticamente como índio, pois andava nu tal qual os nativos, com quem se comunicava sem embaraços, e também fez de outras mulheres indígenas suas esposas, embora fosse casado em Portugal. Não se tem certeza de como o português chegou ao Brasil, podendo ter sido um náufrago, um voluntário ou um degredado enviado para cá como punição.

Bartira foi batizada com o nome de Isabel Dias e teve vários filhos com João Ramalho. Sendo filha do chefe de seu povo, a união foi muito favorável para Ramalho, que aproveitou para se beneficiar de seus aliados indígenas e do donatário Martim Afonso de Sousa, e também para Tibiriçã, que direcionou a hostilidade dos portugueses para outros grupos indígenas que eram seus rivais. Bartira ajudou a implantar um assentamentos de colonos e esteve na origem do processo de povoamento mestiço em São Paulo. No entanto, os poucos registros existentes fizeram dela uma figura coadjuvante nas ações do pai, do marido e até dos descendentes.

Ela morreu de causas não esclarecidas entre 1550 e 1559. No testamento de João Ramalho, ela é citada como sua “criada” e não como esposa.

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