Duarte Coelho, o colonizador que ajudou a impulsionar o domínio português

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

Portugal estava diante do desafio de assegurar sua presença nas vastas terras colônias que o Tratado de Tordesilhas reservara. Outros reinos europeus, como a França, já estavam interessados em explorar esta imensidão que os portugueses não conseguiam ocupar; então era preciso adotar alguma medida para iniciar o processo de colonização. Assim, as Capitanias Hereditárias, instituídas em 1534 durante o reinado de Dom João III de Portugal, foram um sistema de administração territorial adotado para colonizar e explorar economicamente as terras do Brasil no século XVI. Por meio desse modelo, faixas de terra foram doadas a donatários, que detinham grande autonomia na gestão dessas áreas e eram encarregados de seu povoamento, defesa e desenvolvimento. Em contrapartida, comprometiam-se a enviar uma parte dos lucros obtidos à Coroa Portuguesa.

Uma dessas faixas territoriais foi destinada ao fidalgo Duarte Coelho Pereira. Nascido no Porto, em 1485, Duarte Coelho era filho ilegítimo do respeitado e experiente navegador Gonçalo Coelho, que já havia estado no Brasil comandando expedições nos primeiros anos de contato dos portugueses com o continente. Duarte Coelho seguiu a carreira do pai, participando de expedições na África, no Oriente e também estando no Brasil em missões marítimas militares defendendo o domínio português na costa brasileira. Foi ainda um destacado membro do corpo diplomático de Portugal, atuando em pontos estratégicos para tratar dos interesses do reino.

O conjunto de serviços prestados a Portugal qualificou Duarte Coelho para mais uma importante missão: dirigir uma iniciativa de colonizar uma parte do Brasil. Ele recebeu do rei a Capitania de Nova Lusitânia e chegou por aqui em 1535, trazendo consigo sua família, indicando que o seu propósito era mesmo de se fixar nas terras inexploradas e conquistar seu domínio até através do confronto com os nativos. Também trouxe com ele colonos dispostos a encarar um desafio complexo e arriscado, mas que receberiam terras que não tinham lá em Portugal para a tentativa de fazer fortuna. A escravidão foi outro aspecto promovido por ele, que tratou de trazer escravos africanos para se juntarem aos índios também escravizados para realizar o árduo trabalho braçal que seria necessário em sua capitania, que era bem maior que Portugal. Aproveitou a experiência das feitorias que havia se firmado antes mesmo da formação da capitania e, para assegurar um meio rentável, percebeu que estabelecer o plantio canavieiro e a produção de açúcar era a forma mais segura de fazer seus domínios prosperarem. Conseguiu atrair fundos para montar as primeiras unidades produtoras, fundou logo a vila de São Cosme e Damião (posteriormente denominada Igarassu), depois Olinda (1537) e em seguida o povoado de Recife, onde estabeleceu um porto ideal para proporcionar o fluxo entre a capitania e a metrópole colonial.

Nova Lusitânia atingiu um nível de retorno destacado, sendo uma capitania que prosperou em meio a diversas que sequer foram exploradas. O empenho e o controle do donatário foram imprescindíveis para isso, já que Duarte Coelho era um homem que, além de experiente, possuía grande habilidade como administrador. Quando Portugal instituiu o Governo Geral e fixou em Salvador a capital da colônia, a capitania de Duarte Coelho não respondia ao governo designado por Portugal, sinal de que o donatário era reconhecido pelo bom trabalho que vinha realizando como colonizador e conquistador.

Duarte Coelho morreu em agosto de 1554 em Lisboa, mas os cuidados com a capitania passaram para a viúva, dona Brites, e Jerônimo de Albuquerque – o conhecido “Adão Pernambucano” – até que seus filhos, Duarte Coelho de Albuquerque e Jorge de Albuquerque Coelho, pudessem assumir a administração como donatários legítimos.

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