Queen Nanny, a líder guerreira dos quilombos jamaicanos

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

A Jamaica recebia africanos de diversas procedências e entre eles era intensa a agitação e as ações de resistência. Várias lideranças foram reveladas e comunidades quilombolas (maroons) surgiram nas áreas de relevo acidentado e montanhoso e muitos desses fugitivos encontraram integração com os nativos Taíno ou Arawak. Quilombos eram constituídos na Jamaica desde o domínio espanhol e este processo continuou ocorrendo depois da invasão inglesa. Com a chegada dos ingleses, os espanhóis resolveram tumultuar a presença dos novos invasores libertando escravos para que estes libertos impusessem propositalmente dificuldades. Este processo favoreceu a multiplicação de comunidades quilombolas na Jamaica e revelasse diversas lideranças, incluindo uma certa Nanny Queen.   

A líder quilombola jamaicana Nanny Queen timha origens incertas e nem seu nome verdadeiro foi devidamente conhecido. Ela nasceu por volta de 1686 e há diferentes versões a respeito de sua procedência. Dizem que ela nasceu na África e que foi levada para a Jamaica e que conseguiu escapar logo, mas há também outras narrativas que indicam que ela foi parar na Jamaica como uma pessoa livre ou mesmo que nasceu por lá. Especula-se também que ela teve origens nobres e há também famílias jamaicanas que reivindicam sua ancestralidade.

Ela provavelmente trabalhou no plantio de cana em Saint Thomas Parish, nas circunvizinhanças de Port Royal, onde teve início sua atuação contra a escravidão e participação em levantes e processos de fuga, depois se estabeleceu na comunidade Windward Maroons, que se tornou uma populosa cidade de atividade econômica intensa e que teve importante destaque na resistência contra os britânicos. A partir de lá eram organizadas expedições libertadoras que atacavam e saqueavam fazendas escravistas, agregando através dessas ações ainda mais libertos para reforçar a população do quilombo.  

Aliada a outros quilombos, Nanny reforçou militarmente as defesas contra as investidas e ataques dos ingleses recorrendo a táticas de guerrilha e inovadoras estratégias de comunicação utilizando chifres de bois para emitir sinais sonoros em códigos, além de recorrer a artifícios de camuflagem e métodos para aterrorizar os inimigos. Os ingleses encontraram imensas dificuldades de dominar o interior jamaicano em decorrência da presença dos quilombos e de seus guerrilheiros, obrigando a realizar acordos territoriais e tratados de paz em 1739 e 1740 que concederam terras e permitiram a possibilidade de paz e o maior desenvolvimento da cidade, mas os quilombolas precisaram renunciar à atuação na invasão e libertação de escravos nas fazendas e na recusa de receber novos fugitivos. A estabilidade proporcionou condições para a fundação de mais cidades no território maroon e Nanny foi reconhecida também como liderança espiritual no culto Obeah entre os membros de sua comunidade, pois atribuíam sua destreza a aspectos sobrenaturais de sua figura, além da crença de que tinha poderes de desviar as balas direcionadas contra seu corpo.

Assim como sua procedência é envolta em especulações, as condições de sua morte também são nebulosas. Conforme a tradição maroon, Queen Nanny morreu em idade avançada, embora não se saiba uma data de seu falecimento, mas provavelmente no decorrer da década de 1740.   

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