A bela e mortal samurai Tomoe Gozen

Representação visual gerada pela IA Midjourney

Os samurais eram guerreiros que começaram a entrar em atividade no século VIII e que no século XI exerciam muito poder no Japão, ao ponto de praticamente constituírem uma classe social própria com direitos exclusivos. Samurais eram primordialmente homens, mas existia minoria de mulheres guerreiras que ostentavam o status.

O comum para a mulher naquela sociedade era lidar com afazeres familiares e não a atuação em conflitos e manejo de armas letais, apesar de exceções no caso daquelas que possuíam algum treinamento e portavam lâminas ocultas (o kaiken) para uso em caso excepcional de defesa. Já existiam mulheres guerreiras (as onna-bugeisha) antes de existirem os samurais, porém eram pouco numerosas e basicamente assumiam um papel secundário de defesa das vilas em situações de invasão. Com o passar do tempo as onna-bugeisha passaram a receber treinamento de samurai, porém assumiam papéis estratégicos defensivos. Mas uma onna-musha era um caso à parte, pois costumava ir para o combate direto ofensivo ao lado dos homens empunhando sua naginata (uma lança com lâmina curva especialmente eficiente em combates em montaria).

Uma das mais importantes dessas guerreiras foi Tomoe Gozen, mas esse não era seu nome original, pois estas combatentes costumavam adotar outras identidades compostas por apelidos e títulos (“Gozen”, por exemplo, é um título equivalente a “honorável” comumente atribuído a mulheres). Especula-se que nasceu em 1157 em uma família de samurais, recebendo o treinamento inicial como protetora de sua casa e que depois passou a ser testada nos campos de batalha até conseguir ser reconhecida como comandante de um batalhão de cerca de mil combatentes.

Ela esteve em atuação durante a Guerra Genpei (1180-1185), confrontos entre os clãs Taira e Minamoto, evento crucial para a ascensão dos samurais e início do xogunato (regime de centralização política na figura do líder militar intitulado Xogum). Ela era exímia cavaleira e habilidosa no manejo de suas armas, inclusive a tradicional espada katana, geralmente utilizada por homens.

Era descrita como uma mulher muito bonita e de aparência delicada que contrastava com sua ferocidade em ação, quando se tornava uma combatente sanguinária e implacável. Durante Batalha de Awazu, travada entre grupos divergentes dos Minamoto, que seu lado estava em franca desvantagem e prestes a ser derrotado, mas Tomoe recusou a ordem de seu comandante Minamoto no Yoshinaka (que também é citado por algumas fontes como seu suposto marido) para fugisse e em vez disso realizou uma iniciativa suicida de montar em seu cavalo e invadir com velocidade a linha oponente para matar o general inimigo, feito que teria realizado decapitando o comandante diante de seus soldados.

As informações e especulações sobre seu destino são divergentes. Há relatos de que esta ousadia na lhe custou a vida Batalha de Awazu e que foi morta em combate aos 27 ou 28 anos de idade, mas há fontes que contam que ela foi derrotada pelo samurai Wada Yoshimori, fiel conselheiro do Xogum Minamoto no Yoritomo, e forçada a virar sua concubina e permaneceu nesta condição até ficar viúva e então retirar-se da vida de conflitos e guerras, ingressando num mosteiro budista e vivendo até uma idade avançada. Há ainda uma versão de que ela não teve um destino pacífico, pois virou uma espécie de vingadora que jurou matar seus inimigos, realizando alguns assassinatos até fugir para o desconhecido.

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