Razia Sultana, soberana do Sultanato de Dehli

Imagem gerada pela IA Midjourney

Contrastando com a realidade da grande maioria das mulheres em seu tempo e sociedade no Sultanato de Dehli, norte da Índia, Razia (Raziyyat-Ud-Dunya Wa Ud-Din, 1205-1240) recebeu uma educação privilegiada, obtendo domínio sobre assuntos que eram dominados por homens, teve experiência com assuntos de estado porque acompanhava de perto o seu pai, o sultão Shamsuddin Iltutmish, que fez dela sua regente enquanto ele se afastava frequentemente para atuar em suas campanhas de guerra. O sultão optou por ela em detrimentos de dois filhos homens por acreditar que eles estavam abaixo dos requisitos para assumir a responsabilidade de governar: “Meus dois filhos se entregaram ao vinho, às mulheres, ao jogo e à adoração da lisonja. O governo é pesado demais para seus ombros suportarem. Razia, embora seja uma mulher, tem a cabeça e o coração de um homem e é melhor do que vinte desses filhos.”

Iltutmish resolveu então fazer dela sua sucessora, embora soubesse que isso pudesse gerar resistências, o que se provou como fato imediatamente após sua morte, pois o meio-irmão de Razia, Rukn-ud-Din Firuz, apoiado pelos nobres e facções leais à sua mãe, Shah Turkaan, assumiu o trono. Rukn-ud-Din Firuz acabou demonstrando ser altamente manipulável por sua mãe e por um grupo de nobres associados a ela na condução do governo. Eles chegaram a executar outro meio-irmão do novo sultão, Qutubuddin, reforçando a formação de um movimento rebelde que clamava pela condução de Razia ao trono. Shah Turkaan já tinha planos para executar Razia, habilmente ela articulou uma reação contra a mãe do usurpador que não tardou em gerar resultados. Razia, seu exército e os rebeldes contra o sultão conseguiram derrubar Rukn-ud-Din Firuz, que foi executado juntamente com sua mãe em 1236. Ela ascendeu ao trono de Delhi aos 31 anos de idade.

A ascensão de Razia foi desafiada por uma seção de nobres, alguns dos quais finalmente se juntaram a ela, enquanto outros foram derrotados. Os nobres turcos que a apoiaram na rebelião esperavam que ela fosse facilmente manobrável, mas ela cada vez mais afirmava seu poder. Isso, combinado com suas nomeações de oficiais não turcos para cargos importantes, levou ao ressentimento deles contra ela. Razia se referia a si mesma como “Grande Mulher” e percorria Delhi em um elefante com seu rosto descoberto (contrariando hábito de mulheres cobrirem o rosto no espaço público), apesar de publicamente se vestir como um homem. Realizou campanhas e alianças militares para ampliar o poder do sultanato, mas também travou batalhas contra os nobres contrários ao seu governo em seu próprio reino. Razia designou para cargos pessoas que também começaram a tramar contra, aliando-se aos nobres turcos rebeldes. Entre as conspirações, rumores sobre seu relacionamento próximo com um escravo etíope, Jamal-ud-Din Yaqut, inflamaram a nobreza opositora. Os governadores se rebelaram com a suspeita de que seu escravo era seu amante como pretexto para afastá-la do trono, então forçaram Razia a se casar com Malik Atunia, o governador de Bhatinda. No entanto, o segundo de seus meio-irmãos, Muizuddin Bahram Shah (também filho de Shah Turkaan), usurpou o trono. Razia e seu marido morreram lutando contra ele em outubro de 1240.

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